Meu entusiasmo com o livre mercado vem da observação de como ele, por uma necessidade prática de ter de respeitar a vontade das pessoas reais (não aquelas idealizadas pelos grupos de interesse, mas as de verdade, que compram e usam dos produtos e serviços disponíveis), acaba identificando, bem antes dos pretensos pensadores, sociólogos e críticos sociais, as verdadeiras demandas da população.
Uma das provas disso é a mais recente onda de produtos para o público masculino que se vê como representante do tipo “macho”. O que tem sido apresentado para esses homens não são mais apenas as cervejas e carrões, mas surgiu a oferta de diversos outros produtos que, antes, sequer se pensava em oferecer para eles. E os mais evidentes e surpreendentes são os de higiene e beleza. O que era antes um reduto de produtos para mulheres, dos quais os homens consumiam apenas por empréstimo, agora possuem aqueles específicos para eles, em uma clara percepção de uma necessidade represada das demandas do mercado.
O interessante é que nos últimos tempos diversas marcas investiram em ofertas para o chamado público gay, considerando que essa talvez fosse uma fatia do mercado que poderia ser explorada para o aumento das vendas. Isso, para um observador desatento, poderia parecer que a própria sociedade estivesse exigindo esse tipo de homossexualização e que a oferta de bens para esse público fosse uma questão de necessidade mercadológica.
No entanto, como o marketing, em geral, não se preocupa com ideologias, mas com as possibilidades reais de lucros, seus idealizadores logo identificaram que a realidade parecia ser outra daquela que estava sendo proposta. Ainda que o número de homossexuais assumidos tenha crescido vertiginosamente, parece que o mundo dos negócios começou a perceber que o homem natural, aquele que não tem nenhuma pretensão de competir com as mulheres nas gôndolas das farmácias, nem nas araras das lojas de departamento, ainda é maioria e representa uma fatia gigantesca do mercado.
É provável que as agências de propaganda tenham percebido que priorizar um grupo específico, como o dos homossexuais, não tenha sido a melhor escolha e, antes de qualquer analista social, viu que isso poderia ser uma afronta aos homens de verdade e que agir em detrimento deles poderia ser uma péssima escolha.
É verdade que as pessoas comuns da sociedade já haviam percebido isso naturalmente. Quando da onda de campanhas pró-homossexuais, longe de terem a simpatia geral do público, elas sofreram muitas críticas e colocaram as marcas que as promoveram em uma situação arriscada. Isto deve ter alertado os vendedores de que, talvez, priorizar uma fatia tão restrita do mercado, por questões ideológicas, não fosse um caminho muito inteligente.
As mais novas peças de propaganda destinadas para o público masculino têm mostrado que não adianta querer, à força, mudar as percepções da população. No fundo, ela continua sendo o que sempre foi. E as empresas de marketing percebendo isso, logo correram para consertar o que pareceu ser um erro estratégico.
Repito: admiro o livre mercado exatamente por ele, de maneira geral, sendo prático e não ideológico, saber identificar as verdadeiras demandas sociais e buscar respeitar a real vontade das pessoas. E não é isso que se espera que aconteça em todos os ambientes, inclusive políticos?