Quando nos deparamos com uma informação que nos incomoda, pensamentos ficam pululando dentro de nós, clamando por serem expulsos. Enquanto não fazemos isso, parece que eles vão nos corroendo, o que nos dá apenas duas opções: livrarmo-nos deles, jorrando-os em palavras, ou arremessarmo-los para o submundo do nosso inconsciente. Nos dois casos, sentimos um certo alívio.
O problema é que sufocar, com frequência, o pensamento não é saudável. Quem faz isso costuma apresentar certos tipos de neuroses.
Por isso, há quase que um impulso por manifestar o que se pensa. É que se livrar dos pensamentos se parece com um expurgo. Esse é o motivo de falar o que se pensa ser tão libertador. Não é por acaso que as pessoas se arriscam a dar conselhos, a emitir suas opiniões, ainda que não ganhem nada com isso, a não ser esse refrigério que a expulsão daquilo que incomoda pode dar.
Você entende agora porque as redes sociais fazem tanto sucesso? Elas permitem colocar para fora o que molesta. E quanto mais a audiência aumenta, mas viciante isso se torna.
Esse também é vício do escritor. Ele tem dentro de si pensamentos que se debatem, exigindo serem libertados da prisão que é o seu mundo interior, a fim de encontrar o universo infinito do lado de fora.
É por esse motivo que escrever se torna uma necessidade. O escritor precisa enxotar suas ideias, por causa do alvoroço que elas fazem em sua cabeça.
No fim das contas, a escrita, para o escritor, não passa de uma boa faxina.
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