Conheces teus direitos. Sabes bem exigir que te sejam cumpridos, afinal tu és um cidadão e a lei te concede privilégios. Tu não entendes bem as coisas do espírito, da cultura e do entendimento, porém dizes exatamente o que a Justiça te deve, como protetora de teu patrimônio. Que ninguém falhe contigo, pois sabes muito bem onde requerer o que te cabe.
És um lutador. És capaz de suspender tua prestação de serviços se teu patrão não conceder aquela diferença infinitesimal no ajustamento de teu salário. Se trabalhares em algo essencial à sociedade, mais nobre torna-se tua batalha. Quanto às perdas que outros sofrem por isso: são as baixas necessárias de qualquer guerra.
Como trabalhador, tua maior luta é pela redução do labor. Afinal, se o trabalho enobrece, o descanso restaura. Sonhas com o dia que apenas um par de horas diárias sejam suficientes para a jornada. Isso fazes também por teus companheiros, que sofrem as agruras da exploração de um sistema que concede mais de uma dúzia de feriados anuais, horas extras após a 44ª semanal, férias com acréscimo de 33%, entre outras misérias concedidas.
Se fores funcionário público, tuas lutas se tornam ainda mais relevantes. Tuas greves, mais úteis à causa. Te dedicas ao reconhecimento de teus serviços, afinal a sociedade te deve essa contraprestação. Brigas porque o que tens: estabilidade de emprego, jornada reduzida, licenças remuneradas, aposentadoria integral, remunerações agregadas, são apenas concessões que visam ser um lenitivo ao teu combate.
És operário e teu maior sonho é o reconhecimento disso: o descanso perpétuo. Não, não falo da morte, mas de tua aposentadoria. Se pudesses, entraria no gozo deste reino terrestre ainda aos 40. Isso provaria a nobreza de teus serviços e honraria teu status de trabalhador. Nesse retiro que te espera, serás um ícone da classe: reclamarás todo dia por causa do não reconhecimento estatal e buscarás nos Fóruns, incansavelmente, o erros do governo, a fim de que sejas ressarcido pelas tuas perdas.
Tu és um nobre. Não tens a ganância daqueles exploradores que, arriscando seu patrimônio e sua paz, criaram seus impérios, colocando sob suas determinações um exército explorado de 10, 20 ou 50 homens. Exploradores inescrupulosos que, sofrendo o risco dos processos judicais, a voracidade dos impostos estatais e a malandragem da fiscalização pública, pagam, além de teus salários, todos os teus direitos extras, além das contribuições obrigatórias exigidas por lei.
Continua assim, grande homem. Mantém-te como um representante daquilo que há de mais comum em uma terra que conhece bem seus filhos. Exige de tua mãe o que ela puder te dar e, em retribuição, exalta e elege aquele que reflete todos os teus sonhos: um analfabeto que, sem trabalho e sem estudos, atingiu o mais alto posto entre as sanguessugas.
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