Um conservador, mesmo no poder, não pode perder o seu traço fundamental: a desconfiança – desconfiança em relação às ideologias, às soluções definitivas, às medidas salvadoras e, enfim, ao seu próprio governo.
Isso porque é exatamente esse tipo de ceticismo que lhe torna confiável. Por suspeitar até de suas próprias propostas, o conservador não precisa apegar-se sentimentalmente a elas e pode assim ter humildade suficiente para alterá-las quando não dão certo.
É a desconfiança conservadora que impede de fazer do governo um tipo de seita e do Estado uma religião civil – como vimos durante o tempo em que os petistas transformaram o planalto em uma espécie de templo satânico.
Só o conservadorismo freia o próprio ímpeto e faz trabalhar principalmente para a libertação do indivíduo. Afinal, é na valorização do indivíduo que reside o antídoto contra o veneno da ideologia.
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