Falar contra a unanimidade não é para qualquer um. Dá um desânimo, às vezes. Você tenta mostrar que as coisas não são exatamente como a mídia mostra ou como os governos tentam fazer parecer, mas a sensação é de estar clamando no deserto.
Em momentos de crise, quando parece que todo mundo está submerso no medo, submetendo-se bovinamente a qualquer tipo de determinação que prometa sua proteção, ainda que isto atente contra sua dignidade, ser uma voz dissonante é um grande desafio.
A impressão que se tem é de que estamos fazendo alguma coisa errada. Porque não é possível que o mundo inteiro pense de uma maneira e apenas eu e mais alguns malucos enxerguem a situação de uma maneira diferente.
Às vezes, até vacilamos ante o pânico generalizado. Afinal, ninguém é de ferro e se manter o tempo todo contra o fluxo da multidão não é tarefa fácil.
Por isso, a importância de tomar algumas precauções para não ser enredado pela histeria generalizada. Também a urgência de possuir alguns entendimentos para não cair em qualquer narrativa que lhe contem.
Para tanto, vou compartilhar algumas medidas profiláticas (que nada têm a ver com lavar as mãos, trancar-se em casa e usar máscaras), as quais, desde o início dessa pandemia, tomei e tem me ajudado e me manter são em meio à insanidade universal.
Desde o início, notei que as notícias eram muito desencontradas e que havia, além de tudo, muitas omissões e desinformações. Diante disso, a primeira providência que tomei foi diversificar minhas fontes de informações. Com isso, evitei ser guiado por uma visão única sobre os fatos, apenas.
Outra providência foi desconfiar de mim mesmo, pois este é um princípio que carrego comigo o tempo todo. Eu sabia que se me expusesse, ininterruptamente, às notícias alarmistas e às manifestações histéricas haveria uma grande possibilidade disso me contaminar. Assim, não tive dúvidas em silenciar toda fonte de manifestações que não fosse objetiva. Falou em linguagem apocalíptica ou aterrorizante, bloqueei ou deixei de seguir.
Havia, com isso, o risco de eu me fechar em uma bolha, alimentando-me apenas daquilo que corroborava minhas primeiras impressões. Para evitar essa situação tentei identificar aquelas fontes de informações que, independentemente da linha de raciocínio que seguiam, transmitissem seus dados da maneira mais fria e objetiva possível.
Cuidei, ainda, para não cair em um tipo de dissonância cognitiva, descrita por Leon Festinger, e sobre a qual eu explico mais detalhadamente em meu
texto “Espontaneidade Fabricada” (que pode ser encontrado em meu blog) que, em síntese, ocorre quando, ao ser obrigado a falar ou fazer algo, durante um tempo, que seja contra suas convicções íntimas, a pessoa começa a inclinar-se a adaptar essas convicções ao discurso ou ação a que é obrigada a fazer. Por esse motivo, evitei seguir as regras e os padrões impostos no momento. Não por mera rebeldia, mas exatamente para não assumir uma linha de conduta que pudesse influenciar as convicções que eu adquiria por meio dos dados que colhia.
Por fim, não tive receio de expor o que eu pensava. Isso porque, apesar de saber que essa atitude atrairia oposições, também tinha convicção de que outras pessoas, que viam as coisas como eu estava vendo, iriam aparecer e ajudariam-me a me manter firme. Fiz isso por acreditar que quando percebemos algo, dificilmente somos os únicos a perceber aquilo. Pelo contrário, certamente muitos outros já perceberam aquilo também.
O fato é que nunca é fácil posicionar-se contra o que se parece um consenso universal. Ser tido por louco, neste caso, é o mínimo que acontece. No entanto, a liberdade que se adquire e a sensação de independência que isso proporciona são incomparáveis.
Experimente!
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