É esperar demais que alguém com sua mentalidade forjada por ideologias totalitárias não desenvolva uma forma autoritária de pensar. Um admirador do comunismo não pode ser a favor da liberdade, da mesma maneira que um defensor de regimes de governos ditatoriais, como da China ou de Cuba, não pode achar normal que subsistam no país ideias contrárias às suas.
Como o meio cultural brasileiro é formado por gente criada em um ambiente ideológico autoritário, não dá para esperar que nele prevaleça a tolerância e a diversidade. Assim, fazer de tudo para impedir que ideias opostas às suas prevaleçam é quase sua missão de vida. A prática do cancelamento, portanto, não é nenhuma novidade para eles. Na verdade, fazem isso há décadas.
Desde há muito tempo, os espíritos autoritários do meio artístico, cultural e intelectual se esforçam por lançar ao ostracismo aqueles que defendem ideias contrárias à suas, mesmo quando se trata dos grandes gênios. Intelectuais gigantes são “cancelados” ininterruptamente. Mesmo nas universidades, onde o espírito livre deveria prevalecer, há autores que, quando não é possível ignorá-los por completo, são citados muito discretamente, a despeito de possuírem obras monumentais.
Observe o espaço que é dado a Voegelin, Tomás, Leibniz, Perelman, Carpeaux ou Frankl em comparação com Marx, Boff, Maquiavel, Foucault, Derrida ou Freud. Enquanto aqueles são citados apenas en passant, estes são tidos como verdadeiros mestres, havendo dedicação intensa aos seus ensinamentos e escritos.
Portanto, ser cancelado é, na verdade, um grande elogio. Significa que, provavelmente, você está fazendo ou falando algo de muito certo. No mínimo, está desagradando aqueles que defendem ideias que não merecem mesmo muito respeito.
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