O pensamento politicamente correto impôs, para um lado, a neutralidade como a postura ideal, enquanto para o outro deu total liberdade para agir energicamente e com paixão.
Observe bem como os religiosos e aqueles que não fazem fazem parte da militância ideológica precisam, o tempo todo, maneirar sua linguagem, com o intuito de não ferir suscetibilidades. Precisam parecer ponderados e até frouxos, pois qualquer atitude mais enérgica por parte deles logo é taxada de intolerância. Mesmo diante de atrocidades, como o terrorismo, e de injúrias e calúnias insistentes, o que ouvimos da boca de muitos líderes cristãos, como o papa, é uma manifestação muito tíbia, que evita dar nomes aos bois e que toma todo cuidado para não parecer intolerante. Enquanto isso, basta qualquer religioso dar uma opinião que não se encaixe dentro dos parâmetros politicamente corretos, para ouvir dos militantes todo tipo de impropérios, xingamentos e adjetivações das mais baixas.
O resultado é que um lado tem toda a liberdade para agir, impingindo sobre seus desafetos uma opressão insuportável, enquanto o outro, mesmo diante daquilo que lhes agride e humilha, não tem possibilidade sequer de defender-se minimamente, quanto mais de lutar contra seus violentadores.
Será que os religiosos que evitam parecer agressivos, radicais ou fundamentalistas não percebem que nesse jogo apenas eles estão perdendo? Que sua ponderação não lhes dá vantagem alguma, nem mesmo os torna menos indesejados para seus inimigos?
A neutralidade e a moderação, nesses casos, não são uma virtude, mas um grilhão imposto que, longe de oferecer honra, submete os homens à humilhação constante de verem-se ofendidos, física, moral e psicologicamente, sem poder reagir nem de perto à altura do assalto.
Aceitar essa falsa regra de polidez, em vez de impor-se com convicção contra tudo aquilo que agride o sentimento religioso, a moral e os fundamentos da vida como fora construída no mundo ocidental, não significa ter bom senso, nem moderação, nem equilíbrio; é apenas mais uma forma de tornar-nos mais frágeis diante dos nossos agressores.
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