O vazio da nossa geração

É interessante a quantidade de filmes, desde os anos 90, que tratam da falta de sentido. São roteiros sem trama, sem estórias, que apenas mostram a completa ausência de razão para a vida. Normalmente, com personagens jovens, que refletem como esta atual geração não sabe para onde vai, nem quem é, esses filmes me parecem ser, simplesmente, o espelho do nosso tempo.

As gerações mais afetadas por essa ausência de sentido são daquelas pessoas nascidas entre o final dos anos 60 e o comecinho dos 80. Eles são os herdeiros daqueles idealistas que queriam mudar o mundo, que balançaram o planeta com suas bandeiras de libertinagem e amoralidade e legaram para seus filhos nada mais do que ilusão.

Os filhos do amor livre viram seus pais traírem a si mesmos. Estes se tornaram o oposto do que diziam ou, simplesmente, se afundaram naquela visão utópica da vida, que na realidade mostrou-se bem menos florida do que eles mesmos acreditavam. São pais sem autoridade, sem força e sem visão. Abandonaram os princípios e agora que precisariam deles não sabem o que fazer.

Quando esses novos roteiristas apresentam essas películas niilistas percebe-se quase um desespero, uma tentativa de encontrar por detrás dessa total falta de razão algum sentido oculto. Mas que sentido pode haver em uma existência sem fundamentos e sem transcendentalidade? Infelizmente, para esses autores, não há sentido mesmo.

Não há onde buscar algum motivo para a vida quando seus alicerces foram lançados longe. O resultado, então, é a completa falta do que falar, a dificuldade em enxergar algum rumo.

Paradoxalmente, sempre quando assisto alguns desses filmes, eles me fazem pensar talvez até muito mais do que pretendem seus próprios criadores. Me fazem refletir o esforço que a minha geração tem feito para entender a si mesma e o quanto ela tem falhado nessa busca. Me fazem entender, enfim, que enquanto ela não olhar para trás, onde estão os fundamentos de toda a existência e para o alto, onde está a razão de todo o ser, ela vai continuar meditando sobre o nada que é como se apresentam seus próprios dias.


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