O valor do risco

Se você oferece cursos, preste atenção no que eu vou dizer: suas aulas não têm nenhum valor se elas não lhe oferecerem nenhum risco. O certo é que se você não puder ser responsabilizado pelo que transmite, então ninguém deveria escutá-lo.

Para ilustrar, vou dar um exemplo usando a mim mesmo. Eu me proponho a formar oradores, a preparar meus alunos a falar, com desenvoltura, em público. No meu caso, minha pele está em risco porque, se eles não conseguirem fazer o que me proponho a ensiná-los, fica pior para mim do que para eles. Se meus alunos não aprenderem a se expressar bem, minha credibilidade, como professor, é destruída.

Mas tem muito curso sendo dado por aí, principalmente os motivacionais, com teorias incomprováveis e resultados inauferíveis. Isso significa que seus professores não podem ser cobrados por nada. Como é impossível dizer se suas bases teóricas têm fundamento e como também não dá para verificar se o que ensinam realmente funciona, eles podem falar qualquer coisa que não há como “puni-los” pelos insucessos.

‘Seja positivo’, ‘acredite em si mesmo’, ‘o universo conspira em seu favor’ – são ideias desse tipo que estão na base desses cursos. E quem vai comprovar se elas funcionam ou não?

Como diz o Taleb: “evite ouvir conselhos de alguém cujo ganha-pão seja dar conselhos, a menos que haja uma penalidade para esses conselhos”.

Ainda assim, tem muita gente ganhando bastante dinheiro fazendo exatamente isso. Contudo, obviamente, paga quem quer.


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