O valor de algo não pode ser medido simplesmente pelos benefícios que ele parece oferecer. Este é o método que Perelman chamou de argumento pragmático. Porém, esta metodologia anula-se a si mesma.
É que esses tais benefícios precisam ser valorados também, e qual é o método usado para isso? O que fundamenta dizer que tal ou qual benefício é mais benéfico?
Se usássemos o princípio utilitário para isso, precisaríamos identificar também os benefícios que os benefícios oferecem, e assim indefinidamente. Isso não teria fim, pois, para se manter fiel ao sistema do argumento pragmático, em nenhum momento se poderia dar valor absoluto a nada.
O pragmatista vê-se preso em um paradoxo: ou ele se mantém fiel ao seu método e não pode dizer que nada é melhor que nada, porque todos os benefícios aparentes precisam ser colocados à prova, observando-se quais são os benefícios que esses benefícios oferecem, e isso indefinidamente, ou então precisa abrir mão de seu método e dar valor absoluto a esses benefícios. Se ele fizer isto, já não estará julgando nada apenas pelos benefícios, mas pelo valor que as coisas têm em si mesmas.
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