Que história é essa de que cristão não deve se envolver em política ou se o fizer deve ser de maneira discreta? Para os que acreditam nisso, lembro das palavras de Cristo, alertando seus ouvintes que suas falas deveriam ser “sim, sim; não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna”?
Será que a covardia, o medo de se expor e deixar claro suas convicções políticas é uma atitude mais nobre do que dizer o que pensa, sem medo do julgamento alheio?
Não consigo, diante disso, me esquecer que Dante Aligheri reservou um espaço no Inferno para “quem viveu sem jamais ter merecido nem louvor, nem censura infamadora”.
Deixar de expor os pensamentos pode evitar transtornos, mas certamente não afastará o desprezo.
Até porque espiritualidade e política não são realidades completamente separadas e quem acredita que são está contaminado pelo mal do homem moderno, que enxerga a graça totalmente apartada da natureza.
Minhas opiniões políticas revelam muito de minhas convicções religiosas. Se alguém não entende aquelas, dificilmente compreenderá estas. Isso porque não há separação entre umas e outras. E apesar de não possuírem valores idênticos, os princípios que fundamentam minhas convicções políticas são os mesmos que baseiam minha vida espiritual.
Não há nada que escape ao cristão e sua fé não é um mero compartimento de sua vida. Ele até pode não se envolver com a política, mas calar-se em relação a ela apenas para preservar uma imagem de espiritualidade ou evitar algum tipo de mal-estar é somente afetação e covardia.
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