As pessoas têm muito medo de arrepender-se de suas escolhas, apesar de reiteradamente tomarem decisões equivocadas em suas vidas. Ainda assim, poucas reconhecem que se arrependem. Parece até que o arrependimento representa algum tipo de condenação.

Há uma cultura que rechaça o arrependimento e isso conduz a uma ilusão de que é possível viver sem ele. O problema é que uma vida sem arrependimentos não permite a autoavaliação, e quem não avalia a si mesmo não se corrige, ficando sujeito a cometer os mesmos erros de sempre.

No entanto, arrepender-se é algo absolutamente natural. A pessoa pode negar que o faz, mas não há ninguém que, se tivesse a chance, não mudaria alguma ação, fala ou omissão que cometeu.

O problema é que, em nossos tempos, vemos o arrependimento como sinal de fraqueza, insucesso ou mesmo resquício de uma superstição religiosa. Ele tornou-se algo vergonhoso. Por isso, todos tentam escondê-lo.

Por causa disso, esta geração tem sufocado, reprimido e racionalizado o arrependimento, o que a torna neurótica, obviamente. Melhor seria que ela não o evitasse, mas o aceitasse como uma reação espontânea de qualquer pessoa que tenha um mínimo de consciência.

Por isso, ninguém deveria fugir do arrependimento, mas aproveitá-lo para se tornar alguém melhor. Ninguém deveria negá-lo, nem fingir que aprova tudo o que fez na vida, mas usá-lo para promover as reformas pessoais necessárias.

Se o arrependimento, quando não usado para promover a melhora do indivíduo, pode ser considerado inútil, ao tornar-se instrumento para o crescimento pessoal se transforma em uma verdadeira via para sua salvação.


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