Que as palavras têm poder é uma verdade que pode ser afirmada em vários níveis. Se esse poder existe em um plano espiritual, eu não sei dizer, mas é certo que, quando se trata dos negócios meramente humanos e visíveis, a história já demonstrou que livros e discursos podem tocar fogo no mundo. Por esse motivo, muitas pessoas ficam tentadas a aprender a usar as palavras para exercer força e assim manipular os outros. Desse desejo nascem estelionatários intelectuais que, cientes do poder das palavras, usam-nas para ludibriar as pessoas e conduzirem-nas até onde os objetivos personalistas e tirânicos deles determinarem.
Se homens como Robespierre, Lenin, Gurdjieff, Hitler, Fidel e Osho usaram das palavras para tornarem-se poderosos a ponto de movimentar a roda da história segundo seus desejos, isso deveu-se menos ao conteúdo do que diziam, mas à confiança que eles tinham no poder das palavras que proferiam. A eficácia das palavras está, principalmente, em saber usá-las. A força delas reside, em grande parte, na autoridade de quem fala.
Diante disso, pessoas comuns, ao testemunhar o que homens poderosos alcançaram com seus discursos, ficam encantadas com a força que as palavras possuem e anseiam adquirir a mesma capacidade de manipulá-las. Saber falar em público tornou-se o poder mágico a ser conquistado. Poucas se importam sobre o que falar, mas sim como falar. Poucas pensam em informar, mas muitas querem influenciar.
O sucesso de tantos fraudadores intelectuais que, inversamente proporcional à relevância de seu conteúdo, obtêm reconhecimento público, tem sido a inspiração para uma multidão de gente que quer também ser reconhecida, mas sem precisar passar pelas agruras do esforço cognitivo necessário para ter algo de importante para compartilhar.
Se vivemos o paradoxo da avalanche de conteúdos e, ao mesmo tempo, escassez de relevância, isso deveu-se à inversão da prioridade, que colocou a capacidade de influência antes da busca por conhecimento. O sonho de qualquer garoto, hoje em dia, não é ser um gênio, mas um influencer. Todos querem ser referência, não pelo que sabem, mas pelo quanto são notados pelos outros. Obviamente, se o que importa mais é o efeito sobre o ouvinte do que o material a ser apresentado, o resultado será inevitavelmente pouca profundidade e muita apelação.
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