Intuição é pensamento imediato, é instinto. É um atalho, na verdade. Ela pode ser útil, pode ser ótima, mas também pode apenas ser sinal de preguiça.
É que se privilegiou a intuição como um tipo superior de pensamento. Quase como algo mágico. Como algo à parte e além do raciocínio.
Quanto ao raciocínio: foi renegado. Parece que ninguém mais quer pensar. A busca de razões tornou-se o símbolo da intolerância, da frieza. Dizem que quem se esforça pelo pensamento coordenado, lógico, tem tendência autoritária.
Bonito é ser intuitivo, é abrir as portas da percepção. É não se preocupar em ter razão, mas em deixar os sentidos falarem.
A verdade, porém, é que a intuição, muitas vezes, é a desculpa perfeita para a preguiça. Como o raciocínio exige esforço, atenção, foco e demanda energia, ser intuitivo é uma maneira esperta de abrir mão do esforço cognitivo, sem que pareça indolência. É um jeito de acomodar-se naquilo que nosso cérebro faz sem dificuldade, sem precisar fazer força.
É por isso que a intuição é tão louvada hoje em dia: ela se acomoda à vagabundagem mental que toma as gentes.
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