A escrita, para alguém que costuma refletir com alguma profundidade sobre a vida, tem uma função muito bem definida.
É que as ideias, enquanto estão ainda em forma de pensamentos, residem na mente de maneira confusa.
O conhecimento, quando na mente, não costuma estar ordenado. Ainda que saibamos algo, esses dados estão soltos dentro de nós. Sabemos que sabemos, temos consciência que conhecemos, mas apenas quando precisamos comunicar o assunto é que percebemos que esse conhecimento não tem ordem, mas trata-se de um emaranhado de ideias que, de alguma maneira, interconectam-se.
Geralmente, apenas quando precisam ser expostas, é que as ideias recebem alguma ordenação. Só quando um pensador escreve o que pensa é obrigado a se preocupar com a ordem e a coerência de seus pensamentos.
Assim, escrever, passa a ser, antes de uma necessidade de compartilhamento, uma necessidade de ordenação. O escritor escreve para, antes de tudo, arrumar a bagunça que existe em sua própria cabeça.
Essa, pode-se dizer, acaba sendo a primeira função da escrita: organizar o que até ali era apenas confusão.
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