Nenhum pai quer que a escola ensine aquilo que vai de encontro aos valores que eles, com esforço, ensinaram para seus filhos. Por isso, esperam que os conhecimentos transmitidos, em classe, não contenham as convicções pessoais dos professores. Logo percebem, porém, que, em sala de aula, junto à gramática, a matemática, a física, a química e a geometria, vêm também as interpretações particulares que os professores têm sobre a história, a sociedade, os homens e a vida. Então, ficam estarrecidos quando constatam que essas interpretações estão, muitas vezes, carregadas de ideias que, eles, os pais, reprovam. Indignados, passam a exigir que sejam estabelecidas regras que obriguem os professores a absterem-se de transmitir suas convicções em sala de aula. Simplesmente, querem que o ambiente escolar seja neutro.
No entanto, não há neutralidade possível. Todo ato de comunicação carrega atrás de si os valores de quem fala. Por isso, mesmo não havendo intenção de doutrinar, é impossível para um professor ensinar sem deixar que suas convicções transpareçam.
A única maneira de evitar que as crianças sejam expostas a certas ideologias seria impedindo que os professores que comungam dessas ideologias lecionassem – o que seria um absurdo.
Sendo assim, resta apenas um caminho que leva até um ensino menos ideologicamente comprometido, e ele passa não pela restrição de certas ideias, mas, ao contrário, pelo estímulo à apresentação de várias outras; não pela proibição de determinados pontos de vista, mas pela liberação de diversos outros.
A diversidade de pensamentos, pela pluralidade de perspectivas, oriundas da multiplicidade de valores, contida na variedade de convicções é a melhor maneira de fazer com que as crianças não sejam sequestradas por uma visão de mundo específica.
No entanto, é necessário, para isso, que o monopólio intelectual existente seja quebrado. É preciso que o pensamento uniforme que domina o meio acadêmico, que é anti-capitalista, anti-religioso, politicamente correto e comprometido com a perspectiva pós-moderna, sofra concorrência.
A verdade é que o ensino, no Brasil, precisa ser pulverizado, desmonopolizado. Só que, para que isso aconteça, é preciso que haja antes, por aqui, uma transformação cultural profunda.
Deixe uma resposta