Militantes, em sua maioria, sequer percebem que o são. Defendem a ideologia por mero senso comum. Apenas repetem aquilo que lhes parece mais acertado, e o certo, que já lhes foi inculcado, são aquelas idéias politicamente corretas que permeiam o imaginário de todos eles. Suas expressões e ações são tão automatizadas que sequer percebem a incoerência do que dizem, ainda que o conflito ocorra em uma frase em sequência da outra.
Este foi o caso de uma moça, que se diz rapper, de codinome Preta Rara, mas que foi por algum tempo empregada doméstica. Hoje, ela faz campanha nas redes sociais, dizendo defender a classe a qual pertencia. Só que, em um programa matinal de televisão, mostrou que o mais importante para ela não é bem defender algo coerente, mas apenas fazer militância cega e burra.
Isso ficou claro quando, no programa, foi mostrada a postagem que transcreveu uma das denúncias, que dizia que uma patroa havia afirmado algo parecido com isso: “Você foi contratada para cozinhar para minha família, não para você. Por favor, traga marmita e um par de talheres. E se possível coma na mesa da cozinha”.
Obviamente, as reações das pessoas, ao se depararem com tais palavras, foi de indignação. O que mostra como são facilmente tocadas por qualquer aparência de discriminação.
No entanto, a cantora, em sua manifestação seguinte, contrariando completamente a primeira idéia que ela passou, disse que patroas que dizem que a empregada é como se fosse da família, na verdade, estão anulando seus direitos. Que o que elas querem é que seus direitos sejam respeitados.
Claro que minha reação, na mesma hora, na recepção do consultório médico onde eu estava, foi espontânea e nada discreta. Não consegui esconder minha indignação com tamanha incoerência e ignorância.
A pessoa quer ser militante, que lutar pelos direitos, mas sequer sabe o que quer da vida. Ainda nem decidiu se, como empregada doméstica, quer ser tratada como da família, podendo comer a comida dos patrões e com eles ou se quer ser tratada como mera empregada, com todos os direitos e restrições que isso lhe impõe.
Na verdade, como boa militante, o que ela quer mesmo é tudo. Para essa gente não existe responsabilidades, nem limites, só direitos. Eles querem tudo, acham que os patrões lhes devem sempre e não gostam de ser cobrados por nada.
Foi essa mentalidade que levou nosso país para o buraco. Se hoje ter uma empresa é sempre um problema e contratar funcionários um risco grande, isso deveu-se aos constantes direitos que são dados aos empregados, sem que haja algo que facilite a vida do empregador.
Se, portanto, quisermos um país que, de alguma maneira, dê certo, precisamos, antes de tudo, extirpar essa mentalidade retrógrada e mesquinha que povoa a mente de boa parte dos brasileiros. Eles precisam aprender que não adianta apenas exigir direitos, é preciso dosar as coisas, para que possa haver cada vez mais empregos, ainda que com menos privilégios.