Autodeterminação dos povos, democracia, governo pelos cidadãos – todas expressões muito repetidas por todo tipo de políticos, mas que para a maioria deles não passa de ideias abstratas, que nada têm a ver com a realidade.
Isso fica claro em figuras como o governador de São Paulo, que indignado com as pessoas frequentando a praia, em um domingo de sol, esquece-se completamente que cumpre um mandato eletivo e se refere a elas como se estivesse falando de subalternos de suas empresas, achando que a obrigação delas é obedecê-lo indiscutivelmente.
Quando um governante refere-se aos próprios governados como gente irresponsável, insensível, quase sociopata, só porque decidiu passar um domingo de sol, com a família, na praia; quando ele afirma que, enquanto não ver toda a população, como gado, imunizada, vai manter seus direitos suspensos – que é exatamente o que acontece em uma quarentena, que impede as pessoas de trabalhar plenamente e exercer sua cidadania em sua integridade –– esse governante apenas demonstra o desprezo que sente pelo povo.
Para esse tipo de político, a população é incapaz de decidir o que é melhor para si mesma. Homens assim não conseguem olhar para a gente comum e ver pessoas que sabem analisar a realidade e definir o que vale e o que não vale a pena fazer. Políticos como ele acham que o povo é formado por gente estúpida, que precisa ser guiada, que não serve para mais nada além de arrecadar dinheiro para o Estado e cumprir as determinações das autoridades.
E que não me venha dizer que isso é justificável pelo zelo pela vida alheia. Este é o típico argumento despótico, sempre usado para impor as maiores restrições, inclusive para impetrar perseguições.
Não concordar com a decisão das pessoas de não mais se submeterem aos delírios de um governo e seguirem suas vidas, mesmo sem o completo solucionamento do problema sanitário, é até compreensível, mas achar que elas devem ser punidas por isso, é demonstração clara de uma personalidade autoritária.
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