Há quem se orgulhe de não se render aos arroubos românticos, nem de se perder em subjetividades simbolistas. Diz ser um realista e querer mostrar a verdade como ela é. No entanto, parece que seus olhos vêem apenas o que a realidade tem de pior.
Cansado do culto à beleza e sentindo-se sufocado pelo que considera uma tirania do transcendente, rebela-se contra tudo isso, escolhendo os aspectos bizarros das manifestações visíveis. Assim, busca chocar, sentindo-se vingado em relação ao despotismo das convenções.
O problema é que, em sua luta desesperada por liberdade, acaba enredado na sujeira do mundo, da qual já não consegue sair. Isso impregna em sua alma e faz dele essencialmente tão sujo quanto o mundo que ele resolveu expor.
Decidir pelo grotesco não é uma necessidade. É verdade que a realidade tem muitos aspectos feios, mas eles não são os únicos. Tudo é uma questão de escolha de para onde se quer olhar. Quem decide ver maldade e sujeira em tudo certamente vai encontrá-las. Isso não significa que não exista beleza, ainda que ela seja ignorada.
Podemos ceder à tendência natural humana e deixar-se arrastar pelo grotesco. Isso não exige nenhum esforço. Mas quem deseja superar sua animalidade e colocar-se acima das vilezas deste mundo sempre tem a opção de buscar a beleza, que está continuamente disponível para ser contemplada.
A beleza apresenta-se continuamente e encontra-se espalhada por aí. Ela só exige um pouco de atenção para ser percebida. O que é belo está, de alguma maneira, impregnado em tudo, apenas esperando que o espírito de boa vontade o distingua.
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