As pessoas têm muito medo de arrepender-se. Mesmo após tomarem decisões erradas e fazerem escolhas equivocadas costumam insistir teimosamente em justificar suas resoluções.

Isso acontece porque vivemos uma cultura do sucesso e o arrependimento soa para nós como uma fraqueza. Quem se arrepende é como se confessasse um fracasso, como se tivesse falhado miseravelmente.

O arrependimento, segundo a mentalidade contemporânea, tornou-se algo vergonhoso. Por isso, todos tentam escondê-lo.

Há, de fato, uma ilusão de que é possível viver sem arrependimentos. Por isso, esta geração o tem sufocado, reprimido e racionalizado. O resultado: tem se tornado uma geração cada vez mais neurótica.

No entanto, evitar o arrependimento é uma das piores atitudes que uma pessoa pode tomar em sua vida. Isso porque quem nunca se arrepende nunca se corrige e quem nunca se corrige fica sujeito a cometer os mesmos erros sempre.

Por outro lado, quem entende a dinâmica do arrependimento sabe que não tem por que negá-lo. Afinal, ele simplesmente envolve o olhar crítico retrospectivo que permite a pessoa autoavaliar-se e verificar se fez algo que, se pudesse voltar atrás, faria diferente.

E quem, em sã consciência, não corrigiria algumas atitudes que tomou na vida? Se a pessoa não for daquelas que se acha perfeita em tudo ou daquelas que nunca faz qualquer reflexão sobre seus atos (dois absurdos!), arrepender-se acaba sendo uma atitude absolutamente natural para ela.

Por isso, ninguém ─ como aqueles que afirmam que nunca se arrependem de nada ─ deveria fugir do arrependimento. Até porque o arrependimento está intimamente ligado à possibilidade da evolução pessoal. Só quem se arrepende cresce, só quem se arrepende se corrige e melhora.

Claro que eu não estou falando do arrependimento vazio, que parece mais com um remorso. Refiro-me ao simples ato de rever as suas decisões e ter a coragem de dizer: “Errei! Se pudesse, não faria de novo”.

Quando o arrependimento é visto por esse prisma, torna-se um instrumento poderoso para o crescimento do indivíduo e, evidentemente, uma via óbvia para a cura da sua alma.


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