Não tenho nada contra quem pensa em construir algo, em colaborar para o que acha ser um mundo melhor. E apesar de desconfiar que quem queira melhorar o mundo sempre acaba piorando-o, é até aceitável a pessoa acreditar que mudanças precisam ser feitas, afinal, o mundo não é perfeito.
O problema é que esses visionários, normalmente, não se contentam em colaborar para o aperfeiçoamento das coisas, mas querem mudar tudo, impondo sobre os outros aquilo que acreditam ser o melhor para a humanidade.
O que lhes falta é entender que o problema não está em querer que o mundo seja melhor, mas achar que para isso seja necessário negar muito do que já foi conquistado até agora.
A doença dessa gente não é querer mudança, mas possuir uma visão revolucionária, que só sabe olhar para frente, visualizando o que desejam, sem considerar que as conquistas do passado são inegáveis para qualquer construção de objetivos futuros.
Eles não percebem que mesmo sem querer, boa parte de seus atos estão baseados naquilo que já foi descoberto, desenvolvido e trabalhado; que sua mentalidade revolucionária não se sustenta, pois sequer percebem que seus próprios atos e pensamentos partem de um mundo que já existe.
Na verdade, apesar de negarem o passado, não têm como negar as conquistas que a civilização obteve. Por isso, apesar de acharem que podem construir um mundo novo, é impossível para eles começar do zero, como se a civilização não existisse. Pelo contrário, apesar de rejeitarem o que passou, não conseguem se desvencilhar dos instrumentos que o passado lhes deixou pronto.
O problema dessa gente, afinal, não é acreditar que podem colaborar para a melhoria das coisas. Seu defeito está em não reconhecer que, para isso, vão precisar da ajuda dos séculos, da sabedoria dos tempos e das conquistas dos antepassados.
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