Por muito tempo tem-se buscado dar status científico a diversas áreas do conhecimento, como a filosofia, o direito, a comunicação e até a teologia. Faz-se isso querendo valorizar estas matérias, como se chamar um campo de estudos de ciência fosse o selo de qualidade definitivo, que oferecesse a eles o mérito necessário para obter respeito.
Isso é fruto do racionalismo, que prevaleceu nos meios intelectuais desde Descartes, e que arrogou para a ciência a virtude de ser o único caminho para encontrar a resposta dos questionamentos mais importantes que os homens pudessem fazer. Mais ainda, tudo aquilo que estivesse fora da ciência passou a ser considerado como um conhecimento menor, incerto, vacilante.
A ciência, porém, é supervalorizada. Ela tornou-se, no imaginário das pessoas, algo maior até do que ela mesma se propõe. É que a ciência, no fim das contas, é apenas uma método que busca decifrar os processos de uma parte selecionada da natureza, sem oferecer respostas a perguntas que não sejam aquelas diretamente ligadas ao objeto observado. Por mais que permita um procedimento seguro na busca da compreensão da realidade, ela dificilmente tem a capacidade de explicar o que é essa realidade. Pode dizer como as coisas se dão, não o que elas são.
Além disso, é da natureza da ciência dar uma resposta sempre provisória ao que estuda. Sua história é a história da negação dela mesma. Não que isso seja um defeito, é apenas o que ela é. Por isso, toda a confiança em sua estabilidade, capacidade de explicação e superioridade metodológica é uma ilusão.
É claro que a ciência tem seu valor, mas não deveria ser tida como o único meio para se alcançar uma convicção verdadeira. Na verdade, está mais do que na hora da ciência ser posta em seu devido lugar e deixar de ser a referência única do que é intelectualmente relevante.
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