A Síndrome de Esaú do povo brasileiro

Esta campanha política, relativa à corrida presidencial, apesar de estar se tornando uma disputa acirrada, como não foi vista nas eleições anteriores, em seu conteúdo, porém, não tem sido muito diferente de outras que acompanhamos a cada 4 anos. A tônica principal, de fato, sempre gira em torno de dois temas básicos: economia e corrupção. De alguma maneira, são realmente as duas grandes preocupações do brasileiro e, não coincidentemente, as duas envolvem dinheiro.

O brasileiro, ainda que não esteja entre os cidadãos mais abastados do mundo, valoriza demais sua vida material. Ele é, sem nenhum dúvida, um consumista. Ele, certamente, mede seu sucesso e seu fracasso pelas conquistas financeiras que obtém.

Não que isso seja um problema, de antemão. A questão é que, diferente de outras nações, que experimentaram a abundância material como consequência da liberdade, o brasileiro está disposto a abandonar a sua, que já não é grande coisa, em favor de uma, ainda que pequena, pretensa prosperidade econômica.

Tanto que não importa o quanto fique claro que o atual governo impõe sobre o país um projeto de poder que beneficia apenas sua rede de conchavos e seus grupos de interesses. Parece que quanto mais se prova que o mandatários do momento fazem parte de uma quadrilha, que tem como uma de suas principais atividades expropriar as riquezas da nação em favor de seu partido, mais algumas pessoas se convencem que eles devem continuar no poder.

E que não venham me dizer que tais pessoas não têm acesso à informação, pois os fatos estão abundantemente sendo divulgados em jornais e na tv, que alcançam todas as parcelas da população.

O fato é que o brasileiro, em geral, não está muito preocupado com isso. Ele até se incomoda com a corrupção, mas só quando sente que está sendo prejudicado por ela. Se, porém, junto à corrupção vierem benesses estatais que garantam o churrasquinho do final de semana, isso basta para arrefecer muito do descontentamento que poderia surgir.

A campanhas presidenciais giram, de uma maneira ou de outra, em volta do tema financeiro. Isso porque as pessoas têm a convicção que é o dinheiro que resolve todos os problemas de uma nação. Aqueles, no entanto, que valorizam aquilo que há de mais importante sabem que, antes de tudo, a liberdade é a maior riqueza que um indivíduo pode ter. E isso nenhum dinheiro compra.

É uma vergonha, diante dos fatos que têm tomado conta dos noticiários nos últimos anos, que ainda se debata economia. Este já se tornou um assunto menor diante do perigo que o Estado brasileiro está enfrentando. A questão principal é, sem dúvida, a tentativa de tomada do país por um grupo ideológico, que, além de tudo, age como uma máfia.

Quem escolhe um governante porque ele oferece um prato de comida, ainda que isso lhe custe a liberdade, certamente sofre do que eu chamaria de Síndrome de Esaú. No meu caso, porém, ainda que houvesse conquistas econômicas, elas não me convenceriam a querer que tiranos conduzam minha nação. Não troco meus direitos, incluída aí minha liberdade, por um prato de lentilhas.


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