A psicologia da vontade e o cristianismo

A Psicologia contemporânea tem se esforçado por se afastar de qualquer relação com a religião. Porém, quanto mais eu estudo a natureza humana, mesmo por meio de autores e cientistas modernos, mais eu me convenço de que o conhecimento antigo intuiu muitas verdades e que estas são apenas confirmadas pelos novos pesquisadores.

A ideia cristã, por exemplo, de natureza humana decaída, que tende para o que é inferior e repele o superior, é constantemente confirmada pelos estudos e pesquisas empreendidos pelos psicólogos modernos. Estes, em suas experiências, revelam invariavelmente a dificuldade universal de fazer com que o corpo e a mente trabalhem em mútuo auxílio, para que a pessoa possa cumprir com aquilo a que se determinou.

A constatação é de que eles nunca fazem isso. Pelo contrário, tudo demonstra que o cérebro humano é um sabotador e o corpo um rebelde. Quem esperar deles um ajudador espontâneo se decepcionará.

O ensinamento dos antigos é, dessa forma, confirmado: a natureza humana precisa ser domada, da mesma maneira que se faz com os animais. Se alguém quiser que ela colabore com os seus projetos, em suas atividades, precisa aprender a colocá-la a seu serviço, sob seu comando.

O próprio cristianismo sempre ensinou sobre a mortificação da carne, que nada mais é do que a imposição do homem superior sobre o inferior. Suas Escrituras e seus pensadores sempre alertaram para os perigos de deixar-se levar pelos instintos, pelas demandas da natureza animalesca. Ensinou que era preciso não negá-la, mas domesticá-la.

Quando lemos os autores que se debruçam, hoje em dia, sobre o tema da Psicologia da Vontade, observamos que eles, mesmo sem saber, e muitas vezes contra a sua vontade, corroboram muito do que as velhas tradições já vêm ensinando há muito tempo, a saber, que se alguém quer realizar algo de relevante nesta vida precisa vencer as inclinações de sua natureza.


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