A libertação da ditadura do grotesco

Ontem tivemos o estranho privilégio de ouvir, em um mesmo dia, o pronunciamento de dois presidentes do Brasil. Mais cedo, escutamos a presidente impedida, que, na verdade, deveria estar interditada, falando como uma candidata à vereadora na Câmara Municipal de Parari, atropelando as ideias, desrespeitando as normas, não da linguagem culta, mas mesmo da coloquial, se comunicando, não com a sociedade brasileira, mas apenas com sua militância, e que nos fez ver ali a síntese de sua própria alma mesquinha e rasa.

Mais tarde, quem discursou foi o atual presidente, Michel Temer, que, claramente bem preparado para o momento, nos brindou com um linguajar polidíssimo, com o uso de expressões e formas que a última década quase nos fez esquecer que eram passíveis de serem usadas por um presidente da República, além de se dirigir claramente à totalidade da nação, tentando passar uma ideia de recomeço e união.

A comparação entre os dois pronunciamentos me fez refletir o quanto os treze anos de PT no governo nos conduziu para uma relação degenerada com as coisas.

A ideologia dos petistas destila um ódio evidente contra tudo o que parece superior. Seja o correto uso da língua portuguesa, a valorização dos modos e da beleza, o respeito às tradições – tudo isso é ignorado, quando não repugnado, por eles. Durante esse tempo que permaneceram no Planalto, o que vimos mais crescer no Brasil foram a degradação da moral, a ruína dos bons costumes, a valorização do grotesco, o louvor do obsceno, o desprezo completo à ordem e a harmonia, o vilipêndio à formosura.

Por trás de tudo isso esteve o governo e seus milhares de comissionados e financiados promovendo, em todos os cantos do país, uma ideologia que valorizou apenas os sentimentos mais baixos, com a exaltação da ignorância, da feiúra e da imoralidade.

O problema é que passada mais de uma década praticamente apenas ouvindo a oratória governista, chegou um momento que as pessoas pareciam não mais perceber o quanto de baixeza e aviltamento estava contido em todas aquelas manifestações. Por mais que percebessem que havia algo de errado, já não era possível identificar o problema, pois os governos de Lula e Dilma monopolizaram a linguagem, a estética e a moral, de tal maneira, que quase não sobrou espaço para outras formas de expressão, senão aquela que lembrava conversas de bar, pagodes na laje e reuniões de DCE.

Quando, porém, como que por um passe de mágica, o nevoeiro se dissipou, e tivemos a oportunidade de ouvir um homem culto falando como presidente da República, parece que nossa sensibilidade, que estava entorpecida por anos de envilecimento, se aguçou, e pudemos perceber como estávamos envolvidos em um ambiente corrompido, em todos os sentidos.

É impressionante como os petistas exaltam o que é feio. Pablo Capilé, Jandira Feghalhi, Eurenice Guerra, Graça Foster são modelos da feiúra petista. Mas, não se enganem, a fealdade deles não é apenas o azar de não terem sido beneficiados pela natureza. Eu, que tenho uma esposa que trabalha com a beleza feminina, sei, muito bem, o que um bom corte de cabelo, uma maquiagem, uma roupa bem escolhida e, principalmente, a boa vontade podem fazer para transformar o feio em, no mínimo, agradável.

A feiúra petista, portanto, não é um azar, mas uma escolha. São feios porque querem, porque isso lhes identifica. São feios porque a exaltação da feiura está já impregnada em suas almas. Assim escolhem, como forma de mostrar que não estão preocupados com as convenções e as tradições burguesas. E, pior, impõem sobre todos essa visão corrompida da realidade.

Por isso, de tudo o que o afastamento do PT nos liberta – da corrupção, da má gestão, da política ruim, o mais importante, eu não tenho dúvidas, é da ditadura do grotesco.

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