A escrita elegante parece estar fora de moda. Preocupar-se com a estética, na construção de um texto, dá a impressão de preciosismo dispensável, quando não afetação. A regra da redação contemporânea é: seja simples e direto, sempre!
Escrever bonito tem seus receios justificados: soar pedante, parecer datado, ser visto como artificial. Temor justificado, ressalte-se, pois sair do lugar-comum é sempre um risco. A complexidade facilmente confunde-se com arrogância e a elegância com pomposidade.
O escritor dos nossos dias esquiva-se das exigências de estilo. Evita o rebuscamento, desvia das palavras inusuais, a ponto de tornar-se óbvio – quando não tedioso – e preferir assim.
No entanto, o embelezamento de um texto não serve apenas para torná-lo apreciável; sua função não é unicamente estética. Escrever um texto que soe bem aos ouvidos, que agrade os olhos, que possa ser chamado de belo é também uma maneira de conquistar o leitor.
Um texto construído com elegância transmite musicalidade, soa agradável, cativa pela sonoridade. Frases bem construídas são absorvidas com mais facilidade. Além disso, quem escreve bem é tido por autoridade no assunto, o que é crucial na conquista para o convencimento.
Obviamente, o tratamento estilístico de um texto deve ser feito com bom senso e moderação. Escrever como um Padre Vieira ou Rui Barbosa, atualmente, pode parecer bastante afetado e ter um efeito desagradável. Em vez de admirado, é bem provável que pareça excêntrico.
Por isso, o escritor deve encontrar o ponto certo entre a leveza da comunicação direta e a riqueza de um construção bonita. Achar o equilíbrio entre o fácil aprazível e o belo exuberante é o desafio da arte da escrita.
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