Dentro da estratégia gramsciana de hegemonia, uma tática usada amplamente é o diversionismo. E este consiste em, simplesmente, criar algum tipo de confusão, como discussões, debates e indignações, fazendo com que todos comecem a prestar atenção nisto, tirando do foco do problema principal que, normalmente, denuncia aqueles mesmos que estão tumultuando.
Esse diversionismo também é uma forma de manter o controle do debate, não permitindo que questões novas sejam levantadas, ameaçando, assim, revelar a verdadeira natureza dos fatos e, ainda, capitalizar sobre o problema, fazendo com que até situações que, em princípio, seriam prejudiciais ao movimento, acabando por contribuir para seu fortalecimento.
Dentro da tática de domínio cultural, praticada pelo movimento revolucionário, isso significa manter o controle total. Nada escapa de seus interesses, mesmo quando tudo parece ser contra eles.
O caso do tão noticiado estupro coletivo é o exemplo perfeito disso. O fato, em si, tem tudo para demonstrar os problemas dos grupos que dominam a cena no país na última década. Afinal, são eles que promovem essa cultura do submundo, como o funk, são eles que tratam a criminalidade como apenas um efeito da desigualdade econômica, são eles que promovem a baixaria da liberalização sexual e da libertinagem, são eles que acham lindo as músicas que chamam as mulheres de cachorras e incentivam os homens a “pegá-las” à vontade, são eles que saem as ruas, incentivando as mulheres a chamarem a si mesmas de putas e vadias, oferecendo-as de uma maneira mais vil que as prostituas, já que estas, pelo menos, recebem pelos serviços prestados.
A sociedade, ao ter ciência dos fatos, tende a enxergar a realidade que se encontra por trás deles. As pessoas, sabendo do que ocorreu, começam, obviamente, a pensar como vivemos em um país violento, como a promoção da liberação sexual pode trazer consequências nefastas e como os grupos que estão no poder são culpados diretos pela promoção do crime e da pornografia que são componentes imediatos de tudo o que foi veiculado.
Então, como forma de esconder tudo isso, o que faz a militância? Simplesmente, esconde essa realidade sob camadas de discussões que não têm nada a ver com o fato em si.
E nessa esteira que surge, por exemplo, essa idéia da “cultura do estupro”. Ao forçar uma denúncia sobre uma mentirosa idéia que todo homem é ensinado a achar a violência sexual contra a mulher como algo normal (o que é uma grande mentira, vide a reação que essa mesma sociedade tem quando se depara com casos de estupro), os grupos de controle querem apenas que o problema real seja ofuscado, tirando, ainda, desse desvirtuamento, algumas vantagens ideológicas.
Essa tal cultura do estupro não existe e é apenas mais uma forma de conduzir as pessoas, como um dócil rebanho, para um aprisco onde a militância tenha o total controle de tudo o que é discutido. Quem não entende isso fica à mercê desse jogo ideológico, caindo como um patinho nessa tática diversionista.
Por isso, saber como funciona a mente revolucionária é imprescindível, principalmente como forma de situar-se quando tudo parece uma grande confusão.
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